Um dos projetos mais recentes da Agência do Bem visa atender crianças da primeira infância na cidade de Duque de Caxias: o Cirandas e Cirandinhas, iniciativa que leva a musicalização para crianças de 4 a 7 anos de idade da rede pública caxiense. Para cuidar de um projeto tão importante, é preciso alguém que entenda do assunto, e o professor Filipe de Oliveira exerce esse papel com dedicação. Filipe é pedagogo e atualmente cursa música na UFRJ. Entrevistamos ele para saber dos desafios e das alegrias de estar à frente desse projeto.
1 – O que é trabalhar com a primeira infância?
Trabalhar com a primeira infância, especialmente através da musicalização, é algo que me encanta profundamente. A música tem um poder único de despertar emoções, estimular a criatividade e fortalecer os vínculos entre as crianças. Cada som, cada ritmo e cada canção se tornam oportunidades de descoberta e expressão.
Acredito que, por meio da música, ajudamos as crianças a se conhecerem melhor, a se relacionarem com o mundo e a desenvolverem habilidades importantes de forma leve e divertida. É um trabalho de sensibilidade, escuta e afeto — porque musicalizar é educar com o coração, transformando aprendizado em experiência e alegria.
2 – Qual o impacto que você acredita que o projeto Cirandas e Cirandinhas traz para esses alunos?
Vejo o projeto Cirandas e Cirandinhas como uma semente de sensibilidade plantada no coração das crianças. Através das canções, dos gestos e das brincadeiras musicais, elas aprendem sobre respeito, cooperação e o prazer de estar junto. A música se torna linguagem de expressão e identidade, fortalecendo o vínculo entre escola, cultura e infância.
O impacto é profundo: cada roda de ciranda é um momento de encontro e aprendizado coletivo, em que as crianças descobrem o prazer de cantar, criar e conviver com harmonia. Cada som é uma descoberta, e cada momento vivido é uma forma de educar com sentido e cuidado.

3 – Já teve algum momento marcante nessas aulas?
Tive muitos momentos marcantes, mas alguns me emocionaram especialmente. Alguns alunos atípicos, que antes não participavam das aulas, começaram a se envolver de forma espontânea. Uma professora me contou que um aluno com problemas de comportamento havia mudado completamente depois do início das atividades. Também foi muito gratificante chegar à escola após o recesso e ser recebido com abraços e frases como “Tio, pensei que o senhor fosse nos abandonar” ou “Tio, eu estava com saudade das suas aulas”. Em outra ocasião, toda a turma cantou uma canção de forma harmoniosa, como um coral, com atenção, alegria e muita emoção. Esses momentos mostram como a música pode transformar e criar laços verdadeiros.
4 – O que você espera do futuro do projeto?
Espero que o projeto Cirandas e Cirandinhas continue crescendo e inspirando mais crianças e educadores. Que siga despertando olhares sensíveis, valorizando a infância, fortalecendo o vínculo entre música, cultura e aprendizado, levando significado para o dia a dia das escolas e contribuindo para novos caminhos de desenvolvimento e afeto.
O Cirandas e Cirandinhas segue mostrando que a música é um caminho de descoberta, convivência e aprendizado. A cada aula, novas histórias nascem, novas amizades se formam e a infância ganha espaço para florescer com leveza e significado.



